terça-feira, 5 de abril de 2011

Um relato da nossa experiência...

Olá a todos e todas as seguidodores deste blog,
Nesse espaço virtual, nós, integrantes do Grupo de Pesquisa Saúde,
Minorias Sociais e Comunicação, do curso de Psicologia da UFSM,
desejamos trocar idéias sobre temas relacionados à Saúde Sexual e
Reprodutiva, HIV/AIDS, discriminação de gênero/raça/etnia, aborto,
etc. Semana passada, tivemos o primeiro encontro do “Grupo de Estudos
Em Psicologia Social: Olhares Sobre Saúde Sexual E Reprodutiva Em
Tempos De Hiv/Aids”. O grupo é coordenado pela mestranda Vanessa
Berni, e conta com a participação de alunos de graduação, que são a
Mônica,  Daniela, Mariana, Rosinéia, Luana, Sâmara, Letícia, Cézar e a
colaboradora Mauren.
Pessoas dispostas a dialogar e aprender um pouco mais sobre  tal tema.
Pessoas convocadas (utilizando os termos da Mauren) pelos mais
diversos motivos, e que desejam que as discussões possam nos dar uma
base para nosso “fazer” profissional. Tais discussões irão pautar
nossa atuação no papel de mediadores do Projeto de Extensão chamado
“Conversando sobre saúde” (estaremos divulgando esse Projeto e
explicando nossa proposta em outro post). Mas também irão nos auxiliar
a compreender os sujeitos nos mais diversos contextos de atuação, seja
em caps, em clínicas individuais, nas escolas, em unidades básicas de
saúde, etc. Isso porque essas questões atravessam nossos cotidianos e
se inscrevem em nossas subjetividades.
Nesse encontro, iniciamos com a leitura do texto “Saúde Integral,
Reprodutiva e Sexual da Mulher”, da autora Wilza Villela. Nesse texto,
ela vai apresentar a idéia de que conceitos, tais como saúde,
reprodução, sexo, mulher, são conceitos construídos historicamente, e
que também passam por modificações ao longo dos anos. Confere especial
atenção ao movimento feminista, que veio questionar tais conceitos e
colaborar para novos e diferentes entendimentos em relação a Saúde
sexual e reprodutiva.
Inicialmente, a áreas que se dedicaram ao cuidado da saúde da mulher,
deram especial atenção à saúde materno-infantil. Ou seja, esse olhar
começou via reprodução e filhos. Através da diálogos e lutas de muitas
ativistas esta concepção começou a ser modificada, desnaturalizando a
noção de mulher como “ser reprodutivo”. A mulher passa a  ser olhada
como sujeito de políticas que lhe dizem respeito, implicada no
controle do seu corpo e possuídora de direito de decidir reproduzir ou
não.
Sabemos que, mesmo com intensos anos de lutas e debates, as mulheres
continuam sendo valorizadas pela sua capacidade de ser “mãe”. São
perguntas que rondam o cotidiano das mulheres: Tens filhos? Quando
vais engravidar? Ou seja, muitas vezes, a maternidade é antes uma
condição pré-determinada e de maior relevância do que o próprio “ser
mulher”.
Nesse texto a autora vai contextualizar sua fala a partir de questões
discutidas na Conferência Internacional sobre População e
Desenvolvimento, realizada em Cairo. Como já mencionamos em um post
anterior, tal conferência teve um papel fundamental para a questão.
A noção de controle sobre o próprio corpo à primeira vista pode
parecer uma questão simples, mas envolve uma complexidade tamanha.
Tivemos a oportunidade, no encontro do grupo, de pensarmos
conjuntamente tal questão. A história do Movimento Feminista, com o
slogan “nosso corpo nos pertence”, visava modificar a visão da
sociedade, colocando a mulher como sujeito de direito do controle
sobre o próprio corpo e reprodução. Mas esse movimento se deparou com
um outro entendimento da questão, baseados nas teorias  de Malthus,
que apontavam que o rápido crescimento populacional pode levar o mundo
à escassez de alimentos, e que começaram a desistimular a gravidez a
partir de tal paradigma. Isso impactou na luta das feministas, pois
não desejavam que o controle reprodutivo se desse a partir de tais
concepções.
Esse pequeno histórico nos  instigou a pensar na complexidade referida
no parágrafo anterior. Por exemplo, imaginemos uma mulher, moradora de
uma região muito pobre do Brasil. Imaginemos que essa mulher decide
conscientemente não ter filhos. Será está uma decisão própria, pautada
pelo seu direito de controlar o seu corpo reprodutivo? Ou será está
decisão pautada por outros condicionantes, como a pobreza que a
impossibilita de dar o sustento a um filho?  Será mesmo uma decisão da
própria mulher? Eis um pequeno exemplo de quão complexa é a questão,
já que somos sujeitos atravessados por questões
históricas-sociais-econômicas.
Aqui, tentei esboçar um pouquinho das nosso primeiro encontro.
Estaremos atualizando a medida do possível, pois nosso interesse é
ampliar a discussão, dialogar com outros acadêmicos, professores, e
membros da comunidade em geral.
 Até mais
Rosi

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