Blog criado para divulgar as atividades do Projeto de Extensão "Direitos Sexuais e Reprodutivos: Conversando sobre Saúde" e do Projeto de Pesquisa "Saúde Sexual e Reprodutiva das Mulheres: O Grupo como dispositivo".
quinta-feira, 28 de novembro de 2013
Chegando ao final de mais um ano
Estamos chegando a mais um final de ano. Mais umas semanas e o grupo finaliza para 2014 suas atividades. Estamos quase encerrando a produçao de nossa cartilha, que estå sendo editorada pelo Romulo Tondo. Terå uma versåo impressa e mais adiante uma versåo online. Aguardem!
sexta-feira, 15 de novembro de 2013
8 coisas que você provavelmente não sabe que foram inventadas por mulheres
Descubra vários utensílios, objetos e até como a base da computação foi inventada por mulheres que definiram o nosso dia a dia.
Acesse o link abaixo e veja a reportagem na íntegra!
http://www.megacurioso.com.br/invencoes/39913-8-coisas-que-voce-provavelmente-nao-sabe-que-foram-inventadas-por-mulheres.htm
Acesse o link abaixo e veja a reportagem na íntegra!
http://www.megacurioso.com.br/invencoes/39913-8-coisas-que-voce-provavelmente-nao-sabe-que-foram-inventadas-por-mulheres.htm
sábado, 10 de agosto de 2013
Princesas de contos de fada vivem problemas modernos em exposição fotográfica
"Será que as princesas realmente viveram felizes para sempre? A artista canadense Dina Goldstein imagina princesas clássicas no mundo real --e com problemas reais. Na série de fotos "Fallen Princesses", ela retrata os contos infantis de forma irônica, como a Cinderela.
"Ao colocar personagens simbólicos, como a Chapeuzinho Vermelho ou a Branca de Neve, em situações modernas, a série se tornou um comentário sobre assuntos como pobreza, obesidade, câncer e poluição", diz a artista.
A ideia surgiu depois que sua mãe e outras pessoas próximas foram diagnosticadas com câncer (o que inspirou a foto de Rapunzel). Além disso, sua filha estava "naquela idade em que todas as meninas se vestem de princesa"."
via Folha de São Paulo
Acesso o link e veja a reportagem na íntegra!
O que você achou da exposição?
domingo, 28 de julho de 2013
A menina quebrada
Eliane Brum fala sobre seu último livro lançado, intitulado "A menina quebrada"...
Link: http://www.youtube.com/watch?v=TBuwBuLoIDE&feature=youtu.be
Vale a pena conferir!
Marcha das Vadias
As integrantes do Coletivo Marcha das Vadias Santa Maria explicam na série de três vídeos intitulados "Coletivo Marcha das Vadias Responde" sobre a origem da marcha; por que marchar e o que é ser vadia.
Em 2013, a Marcha das Vadias SM aconteceu dia 20 de julho, com concentração às 14h na Concha Acústica do Parque Itaimbé.
Os vídeos são uma produção das acadêmicas do curso de jornalismo da UFSM Luciele Oliveira e Myrella Algayer, juntamente com o estudante Augusto Vasconcelos.
Em 2013, a Marcha das Vadias SM aconteceu dia 20 de julho, com concentração às 14h na Concha Acústica do Parque Itaimbé.
Os vídeos são uma produção das acadêmicas do curso de jornalismo da UFSM Luciele Oliveira e Myrella Algayer, juntamente com o estudante Augusto Vasconcelos.
Como a marcha começou?
http://www.youtube.com/watch?v=tEELwm-inCU
Por que marchar?
http://www.youtube.com/watch?v=-FHZKQEtVxo
O que é ser vadia?
"Quando as mulheres quiseram estudar, elas foram chamadas de vadias, quando elas quiseram votar, foram chamadas de vadias".
"Se reivindicar essa liberdade, é ser vadia, então porque nós não somos? Qual é o problema em ser vadia, se isso significa se colocar numa posição de questionamento, enfim, numa posição de querer transformar mesmo a realidade".
http://www.youtube.com/watch?v=IiiRxLXHGFg&feature=share
segunda-feira, 15 de julho de 2013
Dia do homem?
Relembrando, o dia 8 de março de 1857, dia internacional da mulher, operárias de uma fábrica de tecidos, fizeram uma grande greve para reivindicar melhores condições de trabalho. A manifestação foi reprimida com total violência que as mulheres foram trancadas dentro da fábrica, que foi incendiada. Aproximadamente 130 tecelãs morreram carbonizadas, num ato totalmente desumano.
E o objetivo do dia 08 de março não era/é comemorar. Na maioria dos países, realizam-se conferências, debates e reuniões cujo objetivo é discutir o papel da mulher na sociedade atual. O esforço é para tentar diminuir e, quem sabe um dia terminar, com o preconceito e a desvalorização da mulher. Mesmo com todos os avanços, elas/nós ainda sofrem/sofremos, em muitos locais, com salários baixos, violência, jornada excessiva de trabalho e desvantagens na carreira profissional. Muito foi conquistado, mas muito ainda há para ser modificado nesta história.
"Em tempo: o Dia do Homem foi criado com o intuito de incentivar os homens a cuidarem da saúde e buscarem ajuda médica. Entretanto a mídia e as redes sociais desviam desse objetivo, tornando o dia um ode a heterossexualidade masculina. Ao invés de parabenizar seu pai, irmão, tio, convença-os a buscar ajuda médica! Fica a dica!".
quinta-feira, 4 de julho de 2013
Essas Mulheres... Essa Mulher!
Desde o início do grupo de mulheres, variados foram os
assuntos e temas que foram trazidos para discussão, mas existe algo que une
todas as falas e pessoas que passaram pelo nosso grupo: o “ser mulher”. E a
percepção do imaginário social que, carregado de imperativos, quer ditar sobre
como nós mulheres devemos ser e agir. O questionamento desses
padrões, o compartilhamento de experiências e as trocas, podem fazer com que
cada uma busque dar lugar ao seu desejo, para além do que lhes é imposto.
É pensando no que nos toca enquanto mulheres que vejo na música “Essa Mulher”, brilhantemente interpretada por Elis Regina, muitos elementos que se relacionam com nossas vivências em grupo, como em:
“Essa menina, essa mulher, essa senhora
Em que esbarro toda hora
No espelho casual
É feita de sombra e tanta luz
De tanta lama e tanta cruz”
Aqui vai o link e a letra da música, para quem quiser se deixar tocar, se questionar, e sentir:
http://www.youtube.com/watch?v=KvB7vyBrfdE
Essa Mulher (Elis
Regina)
"De
manhã cedo essa senhora se conforma
Bota a mesa, tira o pó, lava a roupa, seca os olhos
Ah. como essa santa não se esquece de pedir pelas mulheres
Pelos filhos, pelo pão
Depois sorri, meio sem graça
E abraça aquele homem, aquele mundo
Que a faz assim, feliz
De tardezinha essas menina se namora
Se enfeita se decora, sabe tudo, não faz mal
Ah, como essa coisa é tão bonita
Ser cantora, ser artista
Isso tudo é muito bom
E chora tanto de prazer e de agonia
De algum dia qualquer dia
Entender de ser feliz
De madrugada essa mulher faz tanto estrago
Tira a roupa, faz a cama, vira a mesa, seca o bar
Ah, como essa louca se esquece
Quanto os homens enlouquece
Nessa boca, nesse chão
Depois parece que acha graça
E agradece ao destino aquilo tudo
Que a faz tão infeliz
Essa menina, essa mulher, essa senhora
Em que esbarro toda hora
No espelho casual
É feita de sombra e tanta luz
De tanta lama e tanta cruz
Que acha tudo natural."
Um excelente final de semana para todxs! Abraços
terça-feira, 21 de maio de 2013
Santa Maria e o dia dos seus 155 anos! (17/05/2013)
Vale a pena conferir as fotos feitas por Ronai Rocha no dia dos 155 anos de Santa Maria.
Ele fez uma caminhada pelo centro e pela Avenida Rio Branco,
segundo ele "tentando enquadrar o que resta de uma Santa Maria de 100 anos atrás".
Acesse o link abaixo e boa viagem!!!
Ele fez uma caminhada pelo centro e pela Avenida Rio Branco,
segundo ele "tentando enquadrar o que resta de uma Santa Maria de 100 anos atrás".
Acesse o link abaixo e boa viagem!!!
terça-feira, 14 de maio de 2013
Alice esperou 38 anos para matar o marido...
Vala a pena ler, afinal a história dessa Alice é mais conhecida que "Alice no país das maravilhas" para muitas mulheres! Acho que como ela, muitas mulheres morrem vivas, matam a si mesmas, morrem diariamente. Alice se matou e matou. O que você acha?
Aos 71 anos ficou viúva pelas próprias mãos: agarrou num tubo de ferro e matou José. Foi condenada a 14 anos, cumpriu seis. A história da luta entre a mulher e o corpo que o marido marcou com nódoas negras
Alice deita a cabeça no ombro do inspector. A cara cai-lhe ao comprido dos ossos e, pelo meio de soluços, apenas uma frase: “Não aguentei mais.” O filho vai com a família a caminho de umas férias no Gerês quando o telefone toca para avisar da tragédia. “Uns homens vieram cá a casa e mataram o teu pai”, diz-lhe de rajada uma vizinha da mãe. O filho não pensa e faz inversão de marcha. Estava longe de adivinhar que a tragédia afinal ainda era maior.
Alice tem 32 anos, vive em casa dos pais e quer esquecer o primeiro marido e não voltar a pensar em casamento. Casou aos 18, a acreditar que seria para a vida. Foi um inferno: ele bebia, não trabalhava, jogava à batota pela noite dentro, perdia e ficava sem dinheiro. Nunca lhe bateu mas vendeu-lhe anéis, fios, pulseiras, propriedades. Um dia, aos 25, Alice desistiu: ele foi para casa dos pais dele, ela para casa dos pais dela, cheia de vergonha de regressar, adulta e falhada.
Assim se passaram sete anos, com Alice debaixo das saias dos pais a meter na cabeça que nascera sem sorte e que ali viveria para sempre, sem homem mas sem problemas. Mas uns tios foram insistindo, dizendo aqui e ali como o José era um homem de boas famílias e agora também estava solteiro, depois de um primeiro casamento que falhara mas “não por culpa dele”. Alice nem se lembra de aceitar. Não sorriram, não se amaram. Num dia nem era uma hipótese, no outro o casamento estava consumado. O amor era aquilo ou coisa nenhuma.
Trinta e oito anos de solidão Depois do casamento, bastaram alguns dias para adivinhar o calvário: José era, de facto, de boas famílias – seria difícil encontrar melhores sogros e cunhados –, mas não era um homem bom. “Era traçado, não de beber, que só bebia um copito de vinho à refeição. Era ruim, ruim das entranhas”, conta Alice, com o mindinho torcido sobre os lábios, a retroceder dos 79 para os 32 anos.
Alice e José viviam num anexo da casa da família dele. As tareias e as ofensas eram tão violentas que nunca foram segredo para quem vivia mesmo ali ao lado. O pai tentava impedi-lo, dizendo--lhe que as mulheres são para ser respeitadas e que Alice “era do melhor” que ele podia encontrar. A mãe, descobriu Alice anos mais tarde quando encontrou José a atirá-la para fora de uma bacia, era outra vítima. “Pega-lhe se quiseres, que eu não quero saber dela para nada”, resmungava José, que rejeitava a mãe inválida com a mesma indiferença com que, por nada, rejeitava a mulher. Quando o pai de José morreu, as tareias tornaram-se quase diárias. Num dia José ameaçava atirar a cara de Alice para dentro de uma cisterna de água, noutro atirava-lhe “uma forquilha de enjeitada”, noutro dava-lhe murros na cabeça porque ela gastara 3 euros na compra de um quilo de sardinhas ou tinha dado dinheiro à neta para ir comprar cebolas. Batia-lhe com as mãos, com paus, com as canadianas, com o que tivesse à mão. “Quando não batia passava a vida a judiar--me”, recorda Alice, segurando as palavras com os lábios, fazendo força com os incisivos. José desprezava os pequenos-almoços, atirava louça e comida para fora da mesa ao almoço e ao jantar e enquanto fazia as suas mãos caírem sobre Alice chamava-lhe galdéria, puta, vadia, ordinária.
Ela andava de cara negra, mas escondia, esfregava as feridas com álcool. Um dia, depois de ser operada a uma mão, e antes de se deslocar ao hospital para mudar o penso, nem com álcool resultou: a solução foi encobrir as nódoas negras com pó de arroz. Transformou--se na técnica de camuflagem preferida: Alice tratava da própria caracterização. Acordava religiosamente às quatro da manhã, todos os dias, e ia para o palheiro. Ele ficava na cama, mas às sete não admitia que ela não tivesse limpado o estrume, ordenhado 32 vacas e não viesse já com um pote de leite em cada mão, pronta para tratar do pequeno-almoço e seguir para as oliveiras. Ela não parava e ele trabalhava tão pouco que, naquela aldeia de Matas, 40 habitantes e a 6 quilómetros de Santarém, era conhecido como “o calão que moía a mulher com pancada”.
O crime São seis da manhã do dia 2 de Agosto de 2002, sexta-feira, e, enquanto José sangra no chão da cozinha, Alice grita pelas vizinhas. Conta que apareceram dois homens, de “cara tapada com capacetes” e vestidos com “uma farda castanha”, e que bateram em José até à morte para se vingarem de aventuras amorosas que ele levava em Santarém. Durante o fim-de-semana, em casa do filho, ao lado da nora e da neta, Alice anda nervosa mas mantém a versão dos factos que contou às vizinhas e à polícia. “Não conseguia contar, morria de vergonha”, lembra Alice, com as unhas unidas em cacho, na cozinha de móveis melancólicos da casa do filho, onde agora vive, numa localidade vizinha de Matas.
No dia 6 de Agosto, os inspectores batem à porta de casa e pedem a Alice que conte a verdade. Não precisaram de dizer que tinham encontrado as suas roupas ensanguentadas, com sangue de José. Alice desatou a chorar, deitou a cabeça no ombro do inspector e durante minutos só conseguiu repetir: “Não aguentei mais.” Era a sua confissão. Alice nunca soube distinguir se era homicida ou mártir.
António Teixeira, ex-inspector da PJ, nunca esqueceu a história de Alice. Usa--a até hoje como exemplo de que “homicidas somos todos nós, num momento de desvario e de desespero”, e repete a história com a pena de quem teve de prender alguém que matou mas o fez porque foi vítima. “Porque depois de anos a ser agredida houve um dia que não aguentou mais.” O ex-inspector tentou ajudar Alice. Almoçaram juntos e aconselhou-a a contar toda a história das agressões perante o juiz, naquela tarde, no Tribunal de Santarém. Alice fez tudo ao contrário. Estava tão nervosa que só continuava a repetir: “Perdoe-me, não queria matá-lo, mas não aguentei mais.” Não contou das tareias e das ofensas ao longo de 38 anos, não contou que José ameaçava matá-la se ela fizesse queixa, não contou sequer que nesse dia José agarrou numa faca para lhe cortar o pescoço. Nesse mesmo dia, António Teixeira e outros inspectores levaram Alice para o Estabelecimento Prisional de Tires. Era, na altura, uma das mulheres mais velhas presas no país. Dias depois, a 19 de Agosto, a tia Alice, como ficou conhecida na cadeia, recebe um bolo na prisão, mas não conta a ninguém que faz 72 anos.
A mentira contada após o homicídio e a omissão das agressões no primeiro depoimento no tribunal foram fatais. Foi condenada a 14 anos de prisão. Recorreu e conseguiu dez. Pelo meio recebeu um indulto presidencial de um ano do Presidente Jorge Sampaio. Seis anos de prisão depois, no dia 6 de Agosto de 2008, entrou no carro do filho e não olhou mais para Tires.
Perder ou vencer o combate? Alice tem 71 anos e um imenso cansaço. Na noite de 1 para 2 de Agosto de 2002 nem se lembra de dormir. Não por culpa da noite abafada naquela localidade de Santarém onde o Verão quando chega queima árvores, terra, rugas e o próprio ar. Anda às voltas na cama tão cansada como se ainda andasse de cócoras, no chão, a apanhar os bocados de jantar rejeitados pelo marido. Como sempre, durante 38 anos, é a primeira a levantar-se, ainda de madrugada, e o marido fica na cama. A ronha, nessa manhã, nem durou muito. Não tardou que José, três anos mais novo, se dirigisse à casa de banho e gritasse da sanita: “Ó Maria, anda cá limpar-me o rabo.” Ela, como em tantos outros dias, foi, enrolou o papel higiénico à volta da mão e limpou-lhe o rabo. Preparava-se para fazer o pequeno-almoço quando José se antecipou e disse que tratava de si. “Ainda bem. Assim vou mais depressa para a fazenda cortar os arrebentões das oliveiras”, respondeu Alice, já pronta para sair. José não consentiu aquela resposta. Agarrou numa faca da cozinha e Alice encolheu-se. Depois avançou para ela ameaçando cortar-lhe o pescoço. Alice soube que era ele ou ela. Procura um pau, mas não encontra. Sai do anexo e encontra um tubo – 81,3 centímetros de comprimento, 2,2 centímetros de diâmetro. E o diabo, como ela ainda hoje lhe chama, entra com ela na cozinha. O diabo eram aquelas nódoas negras na pele, o corpo calejado das tareias e das ameaças, os ecos de “limpa-me o rabo”, “vou matar-te”, “sua puta, galdéria, ordinária”. Alice puxa a mão para trás das costas e atinge José na cabeça, deitando-o ao chão. Volta a bater-lhe com o tubo na cabeça e no corpo. Uma, duas, não se lembra quantas vezes. José sangra e morre com uma fractura no crânio. Foi o momento em que a mulher perdeu o combate com uma barra de ferro.
o morto em casa Alice vive num anexo da casa da família do filho e não pára de repetir quanto adora filho, a neta, mas desfaz-se de amores sobretudo pela nora, a mais dura da família. Anda apoiada num pau e faz força numa perna para poder mexer a outra. Os cães seguem-na do laranjal para casa, da casa para o laranjal. A aldeia que a entendeu no momento do crime agora esqueceu-a. Alice, 79 anos, nunca mais recebeu visitas dos antigos vizinhos de Matas desde que saiu da prisão. O filho, que sabe que o pai morreu às mãos da mãe, mas também o conhecia melhor que ninguém, nunca a julgou. Clara, filha do primeiro casamento de José, abriu um processo para pedir uma indemnização a Alice pelos danos causados com a morte do pai. Clara, até aos 11 anos, ia duas vezes por semana a casa do pai; daí até aos 18 ia só aos domingos para pedir a mesada; a partir daí só o viu três ou quatro vezes antes de ele morrer.
No quarto Alice tem duas imagens de Nossa Senhora de Fátima e um postal de Natal que trouxe de Tires. A prisão afinal “não é um sítio tão fechado como pensava”, diz Alice, 79 anos, nenhum traço de infância no rosto. “E até tinha colegas em situações semelhantes”, como a mulher “que cortou o marido às postas”. A antiga casa de Alice já não existe e na nova não há fotografias de José. “Ele quer lá saber de fotografias. Ele é ruim, de ruindade mesmo. Deus nos livre de nos calhar um desses”, remata. Fala no presente como se o passado ainda existisse nele. Alice é viúva mas José ainda mora naquela casa.
Texto de Sílvia Caneco.
Prémio Literário Orlando Gonçalves 2012.
Publicado a 10 de Março de 2011
sexta-feira, 10 de maio de 2013
Pro dia das mães, muito relacionado às nossas discussões nos grupos!
As mães que eu conheço não estão no jornal
Texto de Amanda Vieira.
No Brasil, o Dia das mães é aquele momento constrangedor. Empresas, que sequer concedem licença-maternidade de 6 meses para sua funcionária que acabou de ter um filho, passam a elogiar sistematicamente certo tipo de maternidade que pouco têm a ver com a vida real.
Os discursos publicitários costumam endeusar a mãe e tendem a reforçar o estereótipo de que a mulher só é completa com a maternidade. Nos textos jornalísticos, abundam reportagens que exaltam as qualidades de uma suposta super-mulher que consegue aliar carreira, cuidados com filhos e ainda ficar lindona pro marido. Ou seja: não existe muito espaço para a expressão das pessoas que estão em desacordo com essas idéias pré-estabelecidas.
As mães que conheço são moldadas no cotidiano. São feitas no aqui e agora, cada mãe segundo suas circunstâncias, suas experiências, seus desejos. Conheço mães cujos filhos moram com o pai em outro continente; que adotaram crianças; que têm deficiências; que têm filhos com deficiência; solteiras; homossexuais, bissexuais, transexuais; que sofrem com o preconceito racial; que vivem nas periferias urbanas; que vivem na área rural; que vivem em comunidades indígenas; que entregam seu filho para adoção; mães clandestinas, que moram ilegalmente num país que não é o seu — e até as que morrem antes dos filhos crescerem.
A lista de possibilidades de ser mãe é interminável — talvez não tenha fim. Mas as políticas públicas deveriam ser feitas sempre buscando dar suporte para as mais variadas formas de ser mãe. A começar pela saúde: é inconcebível o alto número de pessoas que morrem por complicações no parto. E a gente sabe que esse número varia com a cor da pele da pessoa e com a etnia, o que também é inaceitável. E a gente sabe que esse número só é alto porque a sociedade teima em obrigar mulheres a serem mães mesmo que elas não tenham esse desejo.
As políticas públicas deveriam reconhecer, cada vez mais, as necessidades específicas dessas diferentes mães para que elas não tenham que se transformar em super-heroínas da noite para o dia ao se descobrirem mães. Neste sentido, é preciso que o Estado ofereça creche pública, atendimento especializado para pessoas com deficiências, escolas integrais, atividades comunitárias para as crianças, licença-parental para cuidadores (e não só para a mãe, mas para a pessoa com que ela se relaciona, mantém vínculo, compartilha a vida).
Os empregadores (empresários) deveriam compreender que a redução de jornada de trabalho é o caminho mais desejável para o bem estar de todos. Não é a primeira vez que trabalhadores reivindicam redução de jornada e não será a última vez. Os benefícios trazidos pelas novas tecnologias também devem servir para a redução da jornada do trabalhador (e não só para ampliação de lucros e concentração de riquezas). Muitas categorias profissionais já adotaram a jornada de seis horas corridas — está na hora de ampliar essa ideia e beneficiar mais pessoas.
Devemos dialogar com as mães indígenas, com as mães estrangeiras. Que a origem ou o costume da mãe não seja um impeditivo para se conseguir direitos básicos das mães. Também precisamos valorizar o trabalho das pessoas que lidam com crianças. Valorizar o trabalho desenvolvido por mulheres. Que elas não sejam obrigadas a mudar da profissão que gostam apenas porque o “mercado” não a remunera decentemente.
As mães que eu conheço — regra geral — necessitam de tempo para “maternar” – mas não é só isso: é a sociedade como um todo que também precisa desse tempo para “maternar” junto a essas mães. E o Dia das Mães deveria ser uma data para que cada cidadão pudesse avaliar o seu relacionamento com as mães e crianças à sua volta, saber como andam as crianças dos outros e qual é a sua contribuição a elas. Você emprega mães na sua empresa? Você sabe quanto recebe um professor da educação infantil? Está mais do que na hora de saber e colaborar com as mães — e não julgá-las.
segunda-feira, 6 de maio de 2013
"Toda mulher é doida..."
Pessoal!!!
A nossa colega Verônica está passando uns meses conhecendo outra cultura, outras mulheres, outros homens, outras pessoas, outras vidas. Será esses Outros tão diferentes de nós? Mas olha só que interessante, mesmo longe em quilômetros, ela nos enviou este texto, porém o pedido foi que ele fosse postado com um questionamento....
"Toda mulher é doida. Impossível não ser. A gente nasce com um dispositivo interno que nos informa desde cedo que, sem amor, a vida não vale a pena ser vivida, e dá-lhe usar o nosso poder de sedução para encontrar the big one, aquele que será inteligente, másculo, se importará com nossos sentimentos e não nos deixará na mão jamais. Uma tarefa que dá prá ocupar uma vida, não é mesmo? Mas além disso, temos que ser independentes, bonitas, ter filhos e fingir de vez em quando que somos santas, ajuizadas, responsáveis, e que nunca, mas nunca, pensaremos em jogar tudo pro alto e embarcar num navio pirata comandado pelo Johnny Depp, ou então virar loura e cafetina, ou sei lá, diga aí uma fantasia secreta, sua imaginação deve ser melhor que a minha. Eu só conheço mulher louca. Pense em qualquer uma que você conhece e me diga se ela não tem ao menos três dessas qualificações: exagerada, dramática, verborrágica, maníaca, fantasiosa, apaixonada, delirante. Pois então. Também é louca. E fascina a todos. Nossa insanidade tem nome: chama-se Vontade de Viver até a Última Gota. Só as cansadas é que se recusam a levantar da cadeira para ver quem está chamando lá fora. E santa, fica combinado, não existe. Uma mulher que só reze, que tenha desistido dos prazeres da inquietude, que não deseje mais nada? Você vai concordar comigo: só se for louca de pedra."
(Martha Medeiros)
Aí vem a questão: Esse "dispositivo" é mesmo "interno"?
Quando nascemos já existe um mundo lá fora. Este mundo é socialmente construído, assim como as questões de gênero. Afinal, o que é ser homem e o que é ser mulher? E o que você acha sobre isso? Poderia ser este um "dispositivo externo"?
Colaborações para o blog!!!
Olá pessoal!
Tem gente que se inspirou com o recadinho para o início da semana! Como foi o caso da estudante de Psicologia da UFSM, Nathiele, integrante do SMIC, que nos enviou essa frase:
O que acharam?
:))
Tem gente que se inspirou com o recadinho para o início da semana! Como foi o caso da estudante de Psicologia da UFSM, Nathiele, integrante do SMIC, que nos enviou essa frase:
O que acharam?
:))
Ótima semana a todas e a todos!!!
Pessoal!
Esta frase está escrita na parede da sala do Diretório Acadêmico do Curso de Psicologia da UFSM!
Então... para essa semana:
domingo, 5 de maio de 2013
Pelo domingo que é lindo!!!
Olá pessoal!
É claro, depois de curtir o dia que está lindo lá fora...
Filme: Tomates verdes fritos
Disponível on line no link: http://www.youtube.com/watch?v=RvHlR1mZMMY
Que tal uma dica de filme para o domingo?
É claro, depois de curtir o dia que está lindo lá fora...
Filme: Tomates verdes fritos
Disponível on line no link: http://www.youtube.com/watch?v=RvHlR1mZMMY
sábado, 4 de maio de 2013
"Somos todas Nicole Bahls"
"A violência mais corriqueira e avassaladora é silenciosa. Aquela que faz a própria mulher se
questionar se foi mesmo violentada. E ela pode levar horas, dias, meses ou anos
para se dar conta de que foi violentada. Esse tipo de violência é mais cotidiana...", na íntegra:
Poesia "Consciência Negra"
Gente, esta poesia foi escrita por uma estudante de Psicologia, a Maura Oliveira, em novembro de 2012, e foi publicado no Jornal Diário de Santa Maria no dia 23 de abril de 2013. Vale a pena conferir!
Que tal uma dica de filme?
Para refletirmos!!! Filme: A Fonte das Mulheres
Disponível on line no link: http://www.youtube.com/watch?v=JOXfXbAq-Ls
:)
terça-feira, 16 de abril de 2013
Boas Vindas!
Um novo ano de atividades no grupo de mulheres se inicia,
agora com uma nova proposta. Nesse ano não foram abertas vagas para que novas mulheres
participassem, mas houve a união dos dois grupos que vinham se encontrando nos
últimos anos, buscando possibilitar ainda mais trocas e experiências. Estamos
nos encontrando todas as quintas-feiras, às 14h. Para mais informações,
disponibilizamos nosso email: gruposdemulheres@gmail.com
Desejamos um bom retorno a todas as mulheres participantes,
que esse ano traga muitas construções e desconstruções, novos olhares sobre o “ser
mulher”, sempre visando o nosso objetivo maior que é o empoderamento de todas
nós mulheres.
Abraços a tod@s!
Abraços a tod@s!
Assinar:
Postagens (Atom)